Miguel Tedde *
Apesar de o número total de cirurgiões torácicos brasileiros estar dentro de parâmetros aceitáveis, um estudo recente, cujo objetivo era avaliar a força de trabalho dessa especialidade, constatou que sua distribuição no País é muito desigual. Esse tipo de levantamento é fundamental para aqueles que formulam as políticas de saúde brasileiras. Elas permitem saber não só quantos são e onde estão atuando os cirurgiões de tórax, mas quais as maiores dificuldades que esses profissionais encontram no desempenho de suas funções.
A pesquisa foi realizada pela internet, por meio de um questionário respondido por mais de 80% dos cirurgiões torácicos de todo o Brasil. As questões apuradas permitem saber onde os especialistas fizeram a graduação em medicina, o treino em cirurgia geral e cirurgia torácica e em que localidades estão atuando atualmente. Além de conhecer a formação, a migração e atuação desses cirurgiões pelo País, a pesquisa também revelou outros dados importantes. Analisando a idade da força de trabalho e o crescimento populacional do Brasil, por exemplo, é possível projetar o número de cirurgiões que devem ser formados anualmente para suprir as necessidades do País nos próximos anos.
É a primeira vez que uma pesquisa junto aos cirurgiões torácicos gerais do Brasil é realizada. E seus achados podem ter impacto porque ficou demonstrado como as áreas mais desenvolvidas do País têm mais cirurgiões do que é necessário, enquanto áreas menos desenvolvidas tem carência desses especialistas.
Como a formação de cirurgiões especialistas leva tempo e envolve altos custos, países mais desenvolvidos fazem esse tipo de pesquisa para racionalizar a formação e distribuição de cirurgiões, através de politicas de incentivo. São um exemplo disso as pesquisas realizadas regularmente pela Society of Thoracic Surgery, nos Estados Unidos.
Os números da especialidade | |
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Questionários respondidos: | 468 |
Idade média dos cirurgiões de tórax em atividade: | 43,2 anos |
Graduados em faculdades públicas de medicina: | 280 60%) |
Mulheres cirurgiãs que responderam ao questionário: | 37 (8%) |
Dos cirurgiões respondentes, quatro estados brasileiros treinaram | 391 (88%) |
Cirurgiões que trabalham exclusivamente com cirurgia de tórax: | 149 (32%) |
Fonte: Tedde et al.,2015
*Cirurgião assistente do Serviço de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do InCor.
Referência Bibliográfica
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Tedde, ML et al. (2015) General thoracic surgery workforce: training, migration and practice profile in Brazil, Eur J Cardiothorac Surg. 2015 Jan;47(1):e19-24. doi: 10.1093/ejcts/ezu411. Epub 2014 Nov 12