Porque InCor é a abreviatura de Instituto do Coração, muitos não sabem que há uma série de outras especialidades além da cardiologia, trabalhando e produzindo dentro da instituição. O Centro de Via Aérea é uma delas, que se dedica a desenvolver a cirurgia torácica, a pneumologia e a endoscopia respiratória. Foi criado em 2013 para formar especialistas, ampliar a pesquisa médica, promover a produção de tecnologia de ponta e melhorar o atendimento dos pacientes com intervenções menos invasivas. “Atualmente, existem alternativas diagnósticas e terapêuticas menos invasivas que os procedimentos cirúrgicos. Através de procedimentos endoscópicos podemos abordar a via aérea (traqueia e brônquios) e o mediastino (espaço entre os pulmões) e obter as respostas que precisamos com menor grau de agressão ao organismo”, explica a Dra. Viviane Figueiredo, diretora do Serviço de Endoscopia Respiratória do InCor.
Ecobroncoscopia
Um dos procedimentos revolucionários usado no Centro de Via Aérea é o EBUS-TBNA, sigla do inglês Endobronchial Ultrasound, uma tecnologia que vai além da broncoscopia ao ampliar a visão do médico sobre o mediastino e o pulmão analisados. Em uma metáfora simples: na broncoscopia, o médico enxerga a traqueia, por exemplo, como se estivesse olhando para dentro de um túnel. O limite do que enxerga, por broncoscopia, são as paredes do túnel. Com o EBUS, ele consegue ver o que há por detrás dessas paredes, pois o equipamento produz imagem ultrassonográfica juntamente com a imagem broncoscópica. Para o médico que precisa coletar material de lesões e estruturas traqueobrônquicas, mediastinais e pulmonares em busca de diagnóstico, o recurso é inestimável. Toda essa tecnologia torna o procedimento mais seguro, rápido, preciso e bem menos invasivo. (1)
Tratamento endoscópico de enfisema
A tecnologia de ponta usada na endoscopia respiratória pelo Centro de Via Aérea melhorou a vida de quem tem enfisema pulmonar. Uma das formas de tratamento do enfisema, para um grupo específico de pacientes, é a broncoscopia com implantação brônquica de válvulas unidirecionais. A válvula extrai o ar da região do pulmão que está insuflada por causa do enfisema e impede que o ar retorne a essas regiões alteradas pela doença. Esvazia-se a área doente para que o resto do pulmão ocupe esse espaço e possa realizar melhor a troca gasosa. Com isso, o paciente passa a respirar melhor e ganha muito mais qualidade de vida. (2)
Tratamento endoscópico de asma
Uma nova tecnologia chamada “Termoplastia Brônquica” foi recentemente incorporada ao tratamento em casos de asma nos quais a terapia com medicações não estavam obtendo o controle dos sintomas. O procedimento consiste na aplicação de energia térmica no interior dos brônquios através de broncoscopia e em regime ambulatorial (não é necessária a internação). Os resultados mostraram melhora na qualidade de vida e no controle das crises de asma em grupo de pacientes específicos. (3)
Doenças da Traqueia e Brônquios
O Centro de Via Aérea é hoje em um centro de referência nacional e de renome internacional em doenças da traqueia e brônquios. Tem equipe multidisciplinar, que inclui cirurgiões, broncoscopistas, pneumologistas, fonoaudiólogos, fisioterapêutas e equipe paramédica, recebendo pacientes de vários estados do Brasil. Muitos desses pacientes são jovens com sequelas em traqueia e brônquicos por acidente automobilístico, que necessitam de acompanhamento e abordagem multidisciplinar. Além da assistência aos pacientes, a equipe de profissionais desenvolve novas técnicas, treina profissionais e tem promovido pesquisas com captação recursos de entidades de pesquisa (4) (5).
Tumores
A remoção de tumores também foi aprimorada com o desenvolvimento de novos equipamentos, propiciando procedimentos endoscópicos menos invasivos. Atualmente, em alguns casos, é possível a retirada de tumores benignos nas intervenções por broncoscopia em aproximadamente 20 minutos. De maneira simplificada e através de endoscópios flexíveis ou rígidos, pode-se ressecar os tumores e cauterizar a área tratada. No entanto, tumores malignos devem ser abordados caso a caso, estudando todas as abordagens disponíveis (cirúrgicas, broncoscópicas, radioterápicas e com medicamentos), objetivando a cura ou a melhora dos sintomas do paciente com aumento da sobrevida.
Referência Bibliográfica
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Figueiredo VR, Jacomelli M, Rodrigues AJ, Canzian M, Cardoso PF, Jatene FB. Current status and clinical applicability of endobronchial ultrasound-guided transbronchial needle aspiration. Jornal brasileiro de pneumologia. 2013;39(2):226-37.
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Cardoso PFG, Rubin AS, Figueiredo VR, Jatene FB. Tratamento Endoscópico do Enfisema. Pneumol Paulista. 2010;23(9):6-11.
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Rubin AS, Cardoso PF. Bronchial thermoplasty in asthma. Jornal brasileiro de pneumologia : publicacao oficial da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisilogia. 2010;36(4):506-12.
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Bibas BJ, Terra RM, Oliveira Junior AL, Tamagno MF, Minamoto H, Cardoso PF, et al. Predictors for postoperative complications after tracheal resection. The Annals of thoracic surgery. 2014;98(1):277-82.
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Bibas BJ, Guerreiro Cardoso PF, Minamoto H, Eloy-Pereira LP, Tamagno MF, Terra RM, et al. Surgical Management of Benign Acquired Tracheoesophageal Fistulas: A Ten-Year Experience. Ann Thorac Surg. 2016;102(4):1081-7.